Muito se sabe atualmente sobre a relação existente entre o sono e a atividade física. A prática de exercícios físicos e as condições de sono já foram objeto de vários trabalhos científicos, mesmo assim podemos perceber que este assunto, que tem grande influência no desempenho, ainda levanta muitas dúvidas para os praticantes de qualquer modalidade esportiva, sendo ela competitiva ou não.
Uma das grandes questões levantadas sobre este assunto é sobre a qualidade do sono. Podemos dizer que o praticante regular de exercícios dorme melhor? Vários trabalhos científicos já mostraram que o exercício físico é um potente aliado para a melhora das condições de sono. Indiscutivelmente há uma série de benefícios fisiológicos adquiridos com a prática regular de exercícios que contribuirão para que a noite de sono possa ser mais tranquila e repousante. Para combater a insônia, é reconhecido o benefício que os exercícios físicos, pela liberação de endorfinas, trarão no sentido de combater a ansiedade, que é uma das suas principais causas.
Certamente a necessidade de reposição de energia do praticante de exercícios também contribui para um repouso de melhor qualidade. Neste caso, aquela sensação de cansaço é uma defesa do organismo que nos fará dormir melhor. Segundo o Dr. Renato Prescinotto, otorrinolaringologista especialista em estudos do sono, estudos realizados com ratos comprovam diversos benefícios dos exercícios na qualidade do sono. “Os animais submetidos a exercício apresentaram aumento no tempo total de sono, aumento significativo de sono de ondas lentas e sono paradoxal, sendo que de forma mais acentuada neste último, e ainda diminuição das latências de ambos” afirma o médico.
Porém, ao que parece, somente os exercícios realizados de forma regular e com intensidade moderada, trazem os benefícios esperados, principalmente em animais de meia idade “estudos observaram um incremento de sono paradoxal nos ratos submetidos a caminhar na roda, enquanto que nos ratos que foram colocados para correr ocorreu o inverso. Isso sugere que o exercício moderado apresenta uma resposta favorável em relação a aumento desta fase de sono, enquanto que a atividade intensa apresenta uma influência negativa, provavelmente por ser mais estressante”, relato Dr. Renato.
Devemos salientar, portanto, que as atividades com alto nível de estress emocional, além do esforço físico envolvido, causam uma descarga de adrenalina que persiste durante muito tempo após a atividade realizada, prolongando o período de alerta e podendo prejudicar a qualidade do sono. Outros fatores comportamentais como o excesso de repouso que precede uma competição, ou até mesmo alteração da rotina de treinamento podem alterar o estado normal e habitual do sono do praticante.
Assim fica claro que a atividade física feita de forma regular e bem orientada para o nível de condicionamento do praticante, promove benefícios inquestionáveis na qualidade e no tempo de sono, trazendo com isso alterações positivas no desempenho físico bem como nas atividades diárias não relacionadas ao esporte, bom sono…
Diego Furquim Leite de Barros
é educador físico, especialista em fisiologia do exercício.
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